Lagoa da Prata / MG - quinta-feira, 28 de março de 2024

Amamentação

Amamentação

Este é um resumo do "Pequeno Manual de Amamentação" produzido pelo Grupo Origem e que pode ser encontrado na íntegra no site http://www.aleitamento.org.br

 

Por que amamentar?

 

Vantagens para o bebê

Segundo a Organização Mundial de Saúde todo bebê deve ser amamentado exclusivamente ao seio até os 6 meses de idade (não necessitando de água ou chás). Mas o aleitamento materno, com complemento após o sexto mês de vida, traz vantagens para a criança até no mínimo os 2 anos de vida.

As pesquisas mostram que os bebês amamentados ao seio são mais inteligentes, o contato físico entre o bebê e a mãe facilita o relacionamento futuro desta criança com as outras pessoas e diminui o risco de adoecer e até de morrer.

O leite materno contém endorfina, substância química que ajuda a suprimir a dor. É uma boa idéia amamentar o bebê logo após ele ser vacinado. Ajuda a superar a dor e o leite materno também reforça a eficiência da vacina.

O leite materno contém água em quantidade suficiente, mesmo em clima quente e seco.Contém proteína e gordura na quantidade certa, mais lactose (açúcar do leite) do que os outros leites, vitaminas, ferro, cálcio e fósforo em quantidades adequadas e também lipase, uma enzima que digere gorduras, por isso o leite materno é facilmente absorvido e digerido.

O aleitamento materno exclusivo protege contra infecções pois contém imunoglobinas e leucócitos em sua composição.

O ato de sugar o seio é importante para o desenvolvimento da musculatura da face e da mandíbula. Quanto maior o período de amamentação, menor o risco de má-oclusão. Por outro lado, a mamadeira com açúcar, especialmente as oferecidas à noite, é causadora de cáries precoces, se não for feita uma higiene bucal adequada.

Os bebês prematuros são especialmente beneficiados com a amamentação. O leite produzido pelas mulheres que tiveram bebês prematuros, durante o primeiro mês do pós-parto, mantém uma composição semelhante ao colostro - que é um leite muito mais forte. Dessa forma os prematuros ficam mais protegidos contra a enterocolite necrotisante, uma grave doença que pode acometer os recém-nascidos prematuros.

 

Vantagens para a mãe

 

A amamentação aumenta a segurança da mãe e diminui a ansiedade. O volume do útero diminui mais rapidamente e evita a hemorragia no pós-parto, uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil.

A mulher que amamenta tem menos risco de ter câncer de mama e osteosporose.

Como as mulheres que amamentam exclusivamente demoram mais tempo para menstruar, aumenta o estoque de ferro do organismo, protegendo contra a anemia por falta de ferro.

A amamentação estabiliza o progresso de endometriose materna. Não amamentar aumenta o risco de desenvolver câncer de ovário e câncer endometrial.

Amamentar ajuda a mulher voltar ao peso normal mais rapidamente.

Após um período inicial, de adaptação, a amamentação se torna muito prática. Não é necessário comprar leite, preparar as mamadeiras, levar todos os utensílios quando sai de casa. Basta que você esteja presente com o seu leite. Tudo limpo, fácil e na temperatura ideal.

 

Vantagens para a família

 

A amamentação ao seio melhora a qualidade de vida das crianças e de toda a família. É econômico e evita problemas de saúde e o desgaste que os acompanham.

 

Vantagens para o planeta

 

Amamentar é um Ato Ecológico! Se cada mulher dos EUA desse mamadeira ao seu bebê, seria preciso quase 86.000 toneladas de alumínio para produzir 550 milhões de latas por ano. Se cada mulher da Inglaterra amamentasse, seriam economizados 3.000 toneladas de papel para os rótulos dos leites infantis.

Mamadeiras e bicos são feitos de plástico, vidro, borracha e silicone. A produção desses materiais é cara e constantemente não são reaproveitados. Todos esses produtos usam recursos naturais, causam poluição na sua produção e distribuição e também criam um lixo no seu empacotamento, promoção e exposição.

 

Como o leite é produzido?

 

Toda gestante vai observar, durante a gravidez, as mudanças em seus seios. Seios mais inchados, sensíveis e aréolas escurecidas (região de pele mais escura ao redor do mamilo), aparecimento de pequenos carocinhos em torno da aréola chamados "glândulas de Montgomery", que produzem uma substância oleosa que limpa, lubrifica e protege o mamilo de infecções durante a amamentação.

Sua placenta estimula a liberação do estrogênio e da progesterona, que estimulam o complexo sistema biológico que faz a lactação possível. Suas glândulas mamárias que estavam "em repouso" até a puberdade começam a trabalhar a todo vapor...

Quando seu bebê nasce, o tecido glandular substituiu a maioria das células de gordura o que explica o aumento do volume dos seios. Cada seio pode ter até cerca de 680 gramas!

Entre as células gordurosas e o tecido glandular ficam os ductos lactíferos. Os hormônios da gravidez provocam um aumento de número e tamanho nos ductos lactíferos. Estes ramificam-se em canais menores e terminam em pequenas glândulas redondas chamadas alvéolos que formam lóbulos. O leite materno é produzido nesses alvéolos. Cada mama tem entre 15 e 20 lóbulos com um ducto lactífero para cada lóbulo.

O leite é produzido dentro dos alvéolos, que são cercados por células musculares que espremem as glândulas e mandam o leite para fora através dos ductos. Pequenos ductos conduzem a um ducto maior que se alarga em um "reservatório" chamado seio lactífero, que fica logo abaixo do aréola. Os seios lactíferos agem como reservatórios que guardam o leite até que seu bebê o sugue através de minúsculas aberturas em seu mamilo.

Você começará a produzir leite em "escala total" cerca de 72 horas depois do nascimento do bebê. Uma vez que você expele a placenta, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem drasticamente em seu corpo. Ao mesmo tempo, o nível de prolactina aumenta. Este hormônio produzido na glândula pituitária sinaliza ao seu corpo para produzir leite para nutrir seu bebê. Os estudos mostram também que a prolactina pode fazer você sentir-se mais "maternal," por isso alguns especialistas chamam este de "hormônio materno".

Enquanto seu corpo se prepara para a lactação, ele bombeia sangue extra nos alvéolos, fazendo seus seios ficarem firmes e cheios. As veias sangüíneas inchadas, combinadas com uma abundância de leite, podem fazer seus peitos temporariamente dolorosos e ingurgitados, mas se você amamentar freqüentemente, nos primeiros dias poderá aliviar todo desconforto.

Cada vez que a criança suga, estimula as terminações nervosas do mamilo. Estes nervos levam o estímulo para a parte anterior da glândula pituitária que produz a prolactina. Esta, através da circulação sangüínea, atinge as mamas que produzem o leite. A prolactina atua depois que a criança mama e produz leite para a próxima mamada.

A glândula pituitária produz mais prolactina durante a noite do que durante o dia. Portanto, o aleitamento materno à noite ajuda a manter uma boa produção de leite.

 

Primeiro vem o colostro

 

Nos primeiros dias após o nascimento, seu seio vai produzir uma substância cremosa, altamente proteica, rica em fatores de crescimento, com baixa gordura e rica em imunoglobulinas que fortalecem o sistema imunológico do bebê - é o chamado colostro. Provavelmente, nos últimos meses da gravidez você já viu algumas gotas dessa substância grossa e amarelada no seu seio.

O colostro tem poder laxante ajudando a eliminar o mecônio (primeiras fezes do bebê que são escuras) e reduzir a icterícia, acelera a maturação intestinal, previne alergia e intolerância alimentar. Como é rico em vitamina A, reduz a gravidade de algumas infecções como sarampo e diarréia e previne doenças oculares causadas por deficiência de vitamina A.

O colostro é exatamente o que o bebê precisa nos primeiros dias!

 

Como o leite flui de você para seu bebê

 

O bebê suga seu mamilo, estimulando a glândula pituitária a liberar a ocitocina - assim como a prolactina - em sua corrente sangüínea.

Quando alcança seu seio, a ocitocina faz com que os minúsculos músculos em torno dos alvéolos (cheios de leite) contraiam-se. O leite é expelido para os ductos por onde é transportado para os seios lactíferos, que ficam logo abaixo da aréola. Enquanto suga, seu bebê pressiona o leite que está dentro desses seios lactíferos e faz com que jorrem direto em sua boca.

A criança não consegue quantidade suficiente de leite somente pela sucção, precisa do reflexo de "descida" para ajudar. Se o reflexo não funcionar a criança não conseguirá leite suficiente.

 

Ajudando e Inibindo o Reflexo da Ocitocina

 

O reflexo da ocitocina é mais complicado do que o reflexo da prolactina. Os sentimentos e pensamentos da mãe podem afetar esse processo. Freqüentemente seus sentimentos ajudam, mas algumas vezes podem inibir o reflexo.

A glândula de uma nutriz pode produzir ocitocina se pensar no filho com carinho, ao trocar olhares com ele ou se escutar seu choro. A seguir, ela sente a contração na mama e o leite pode "descer". Suas mamas estão prontas para amamentar... Pensamentos positivos e um ambiente calmo para amamentar ajudam neste processo.

Por outro lado, preocupação, medo, dor e vergonha podem dificultar esta "descida do leite", inibindo o reflexo da "descida".

Nos primeiros dias de amamentação, você pode sentir algumas contrações em seu abdômen enquanto o bebê suga. Esse pequeno desconforto sinaliza a liberação da ocitocina, que ajuda a contrair o útero, fazendo com que ele retorne ao tamanho normal mais rapidamente (e a diminuindo o risco de hemorragia no pós-parto, uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil). Este mesmo hormônio foi responsável pelas contrações do seu útero no parto e faz parte das relações sexuais. Você vai sentir-se mais calma, satisfeita, e alegre enquanto nutre seu bebê. Por isso a ocitocina é conhecida como o hormônio do amor.

 

Composição do leite materno

 

O leite materno é um líquido rico em gorduras, minerais, vitaminas, enzimas e imunoglobolinas que protegem contra doenças. Apesar do leite maduro ser formado em 87% por água, os restantes 13% são uma poderosa combinação de elementos fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da criança.

Recém-nascidos perdem 25% do calor do seu corpo através da evaporação de água dos seus pulmões e pele. A maioria dos recém-nascidos vão mamar entre 9 e 11 vezes por dia, mantendo o equilíbrio de fluidos no corpo. A gordura no leite humano proporciona uma fonte de energia para seu crescimento e desenvolvimento, proporciona o colesterol necessário e ácidos essenciais de gordura. O leite materno é rico em ácidos graxos insaturados de cadeia longa, importante para o desenvolvimento e mielinização do cérebro. Ácido aracdônico e linoleico, gorduras poliinsaturadas, existem em maiores concentrações no leite humano do que no leite de vaca, ambos importantes na síntese de prostaglandinas.

As proteínas do leite humano são estruturais e qualitativamente diferentes das do leite de vaca. Do conteúdo proteico do leite humano 80% é lactoalbumina, enquanto que no leite de vaca essa proporção é de caseína. A relação proteínas do soro / caseína do leite humano é aproximadamente 80/20, a do leite bovino é 20/80. A baixa concentração de caseína no leite humano resulta na formação de coalho gástrico mais leve, com flóculos de mais fácil digestão e com reduzido tempo de esvaziamento gástrico.

O leite humano contém, diferentemente do leite de vaca, maiores concentrações de aminoácidos essenciais de alto valor biológico (cistina e taurina) que são fundamentais ao crescimento do sistema nervoso central. Isso é particularmente importante para o prematuro, que não consegue sintetizá-los a partir de outros aminoácidos por deficiência enzimática.

O principal carboidrato é a lactose. Mais de 30 açúcares já foram indentificados no leite humano, como a galactose, frutose e outros oligossacarídeos. A concentração de lactose é de 4% no colostro e de até 7% no leite maduro. A lactose facilita a absorção de cálcio e ferro e promove a colonização intestinal com Lactobacillus bifidus.

O leite materno nem sempre tem exatamente a mesma composição. Há algumas modificações importantes e normais. A composição do leite também apresenta pequenas variações com a alimentação da mãe, mas essas alterações raramente têm algum significado.

 

Leite Maduro

 

Em uma ou duas semanas, o leite aumenta em quantidade e muda seu aspecto e composição. Este é o leite maduro que contém todos os nutrientes que a criança precisa para crescer. O leite materno maduro parece mais ralo que o leite de vaca, o que faz com que muitas mães pensem que seu leite é fraco. É importante esclarecer que esta aparência aguada é normal e que o leite materno fornece água suficiente, mesmo em climas muito quentes.

A composição do leite materno muda até mesmo durante a mamada! O leite do no início da mamada parece acinzentado e aguado. É rico em proteína, lactose, vitaminas, minerais e água.

O leite que surge no final da mamada parece mais branco do que o leite do começo porque contém mais gordura. A gordura torna o leite do fim mais rico em energia. Fornece mais da metade da energia do leite materno.

É importante deixar que o bebê pare espontaneamente de mamar. A interrupção da mamada pode fazer com que receba pequena quantidade de leite do fim (e, conseqüentemente, menos gordura).

 

Dificuldades e problemas comuns

 

- PROBLEMAS RELACIONADOS COM A MÃE

 

INGURGITAMENTO MAMÁRIO (Seios muito cheios e doloridos)

O ingurgitamento mamário, consiste em parte no aumento da quantidade de sangue e fluidos nos tecidos que suportam a mama (congestão vascular) e de certa quantidade de leite que fica retido na glândula mamária.

As duas mamas ficam inchadas, dolorosas, quentes, vermelhas, brilhantes e tensas por causa do edema (líquido) nos tecidos. A mãe queixa-se de dor principalmente na axila e pode ter febre (a chamada "febre de leite"). O leite pode parar de "descer".

O ingurgitamento geralmente ocorre alguns dias (2 a 5) após o nascimento ou em qualquer época durante a amamentação, todavia, é mais difícil de acontecer em hospitais onde há alojamento conjunto e sistema de livre demanda precoce.

Algumas sugestões:

- Amamentar no sistema de livre demanda logo após o parto

- Verificar se a criança mama em boa posição desde o primeiro dia

- Manter a criança sugando mesmo quando as mamas estão ingurgitadas

- Se a criança não sugar adequadamente, ajude retirando o leite por expressão manual

- Use sutiã firme a fim de tornar o ingurgitamento menos doloroso

- Indique a utilização de compressas geladas ou quentes sobre o seio por 1 minuto, massageando-os e retirando um pouco de leite logo após para aliviar a dor

- Mantenha essas condutas até que o ingurgitamento desapareça.

 

FISSURAS DO MAMILO(Bico do peito rachado)

 

 

As fissuras do mamilo são decorrentes principalmente da técnica incorreta de sucção e posicionamento da criança na hora da mamada.

O que fazer:

Para evitar as fissuras, durante a gravidez, prepare a mama para amamentar com banho de sol nos seios, fricção com toalha, utilização de sutiã de algodão com orifício na região mamilar

Para tratar da fissura, corrija a posição da mamada e continue amamentando

Lave os mamilos apenas uma vez ao dia, quando toma banho

Expor os mamilos ao ar e ao sol tanto quanto possível no intervalo das mamadas ou banho de luz com lâmpadas de 40 watts, colocada a um palmo de distância da mama 10 minutos de cada lado, 3 vezes ao dia.

Aplicar sempre leite materno nos mamilos após as mamadas, pois isto, facilita a cicatrização.

Aconselhar a mãe a mudar de posição costumeira, preferencialmente utilizar a posição da bola de futebol americano ou do cavalinho.

Nos casos graves, dependendo da extensão da fissura, orientar a mãe a suspender a sucção direta ao seio por um período de 24 a 48 h, ordenhar a mama e oferecer o leite na colherinha ou conta-gota.

 

MASTITE(inflamação da mama)

 

 

O acúmulo de leite sem a ordenha de alívio pode facilitar o início da mastite, inflamação nas mamas. Os seios ficam quentes, a nutriz pode ter febre, dor à palpação e eliminação de pus.

A mastite é mais freqüente na 2ª e 3ª semanas depois do parto. A mãe deverá descansar por mais tempo. Se continuar a trabalhar a infecção poderá retornar.

Para evitar a mastite:

Amamentar no sistema de livre demanda

Se o bebê não esvaziar a mama, complete com auto-ordenha, ou solicite colaboração para o esvaziamento por ordenha

Para tratar a mastite:

Aplique compressas úmidas e frias sobre a área afetada, antes de cada mamada e se for necessário também nos intervalos, até sentir alívio (5 a 10 minutos)

Amamente até esvaziar a mama doente

Massageie delicadamente as áreas doentes enquanto estiver amamentando

Se necessário, a mãe pode tomar um analgésico antes de proceder à auto-ordenha (orientado por um médico)

Usar sutiã que sustente bem a base da mama, mas que não aperte a mama

A demora no início do tratamento, pode provocar a formação de um abscesso mamário. Neste caso, deve-se suspender a amamentação na mama afetada e procurar um médico para drenagem. Após a cicatrização, retornar a amamentação nos dois seios.

 

DUCTO BLOQUEADO (mama empedrada ou ingurgitada)

 

Essa situação é provocada pelo esvaziamento incompleto de um ou mais canais, neste caso, o leite do alvéolo mamário não drena, pois o mesmo encontra-se endurecido bloqueando o canal daquele alvéolo. Uma "tumoração" dolorosa se forma na mama.

A causa exata do ducto bloqueado não está clara, mas pode ser resultado de roupa apertada, ou porque a posição da criança não permite a mesma sugar eficientemente aquela parte da mama.

Para evitar o ducto bloqueado:

Orientar as mães, durante o pré-natal, sobre as técnicas de posição e pega de amamentação

Deixar o bebê sugar até o completo esvaziamento da mama, casa isto não ocorra, proceder a ordenha manual.

Para tratar:

 

Melhorar a posição de mamada

Usar as diferentes posições para amamentar, de tal modo que o leite seja retirado de todos os segmentos da mama

Mantenha a criança mamando freqüentemente do lado afetado

Massagear delicadamente a parte afetada em direção ao mamilo para ajudar a esvaziar aquela parte da mama.

Alguns obstáculos ao aleitamento materno, a maioria superável através de uma boa orientação e estímulo do profissional de saúde experiente e consciente da importância do aleitamento materno exclusivo, às vezes atrapalham a manutenção da amamentação.

 

MITOS E TABUS

 

Quando surgirem dúvidas sobre: leite fraco, leite salgado, pouco leite, arrotar ao seio, "minha família não é boa de leite", etc. o melhor a fazer é procurar a orientação de um médico que poderá ajudar-lhe com os seus receios.

É importante que este profissional avalie a curva de crescimento do bebê , faça a expressão manual da mama para avaliar a produção de leite, converse sobre algum problema emocional da mãe que possa interferir na produção de leite.

Toda mãe deve ter em mente que não existe leite fraco e o leite materno é o melhor alimento para o bebê.

Toda nutriz deve repousar entre algumas mamadas, beber mais líquidos e observar se a criança molha a fralda várias vezes ao dia.

 

- PROBLEMAS RELACIONADOS COM O BEBÊ

 

DIARRÉIA

Um bebê alimentado com leite materno exclusivo, praticamente não apresenta diarréia aguda infecciosa, mas caso aconteça, o leite do peito deve ser dado em intervalos curtos.

Não deve-se confundir as fezes semi-líquidas e freqüentes do bebê que mama no peito com diarréia. Estas são as fezes normais do leite do peito. Não precisa dar remédios e nem trocar o leite (algumas pessoas inexperientes atribuem essas evacuações à "alergia" ao leite de peito ou à infecção intestinal.

O profissional de saúde deve orientar a mãe que a criança alimentada com mamadeira tem risco de vir a ter diarréia 14 a 25 vezes maior que uma criança amamentada exclusivamente ao peito.

PSEUDO-CONSTIPAÇÃO INTESTINAL ("Prisão de Ventre")

Nos primeiros dias de vida, o bebê evacua após cada mamada, depois o intervalo das evacuações vai aumentando progressivamente. Alguns bebês têm dificuldade em evacuar, fazem força, ficam vermelhos e choram, as fezes são semi-líquidas e coalhadas.

Trata-se de uma incoordenação reto-anal por imaturidade do esfincter anal: o bebê faz força para evacuar mas o esfincter não abre.

Pode-se ajudar a criança a evacuar, fazendo massagens no abdômen, flexionando firmemente suas pernas e coxas sobre o abdômen e estimulando o esfincter anal (basta introduzir e retirar em seguida, um supositório de glicerina) não se trata de uma verdadeira constipação, é erro indicar alimentos laxantes como mel, suco, ameixa preta.

A partir do 2º mês de vida, alguns bebês evacuam em intervalos longos (de até 1 semana). Observar se o crescimento da criança é normal, se não ocorre distensão abdominal acentuada e se as fezes são moles. Neste caso, considerar normal. Não dar alimentos, laxantes e remédios. Em caso de dúvidas procurar orientação de um pediatra.

 

RECÉM-NASCIDO (RN) DE BAIXO PESO

 

É possível alimentar praticamente todos os RN de baixo peso com o leite da própria mãe. Os RN são capazes de sugar e deglutir a partir de 34 semanas de gestação. Entretanto, podem ser incapazes de sugar com força suficiente para ingerir tudo que necessitam até que atinjam peso de aproximadamente 1800 gramas.

Quando uma criança é prematura, o leite de sua mãe contém mais proteínas que o leite maduro. Os prematuros precisam de quantidade extra de proteínas. Quando recebem o leite da própria mãe crescem melhor do que quando recebem leite maduro de outra mulher.

Deve-se alimentar um RN de baixo peso seguindo determinados passos:

A mãe deve retirar o leite por expressão manual, o mais cedo possível após o parto. Para manter boa produção retirar após cada mamada, isto é, a cada 3 horas; dia e noite, ou oito vezes em 24 horas

RN com peso inferior a 1600 g geralmente precisam receber alimentação por sonda nasogástrica. O leite deverá fluir de uma seringa por gravidade.

Quando a criança pesa 1600 g e consegue engolir, a mãe pode dar o leite retirado para a criança com uma pequena xícara ou copinho de café descartável.

Quando pesa mais de 1600g a criança também pode tentar sugar, isto permite que aprenda a sugar e estimula os reflexos de produção do leite, ajuda a digestão e desenvolve o crescimento.

Ajude a criança a "pegar" a mama em boa posição. Um RN de baixo peso provavelmente poderá mamar adequadamente, mais cedo, se sugar numa boa posição desde o começo.

Inicialmente ele suga algumas vezes, descansa e, então, suga novamente. Não retire o RN da mama enquanto ele descansa.

Depois que a criança sugar tudo o que pode, deve-se retirar o leite por expressão manual e dar uma quantidade medida desse leite com uma xícara ou copinho de café descartável

Mantenha a criança aquecida, pois os RN de baixo peso ficam frios facilmente, estando mal-aquecidos gastam toda a energia obtida através da alimentação tentando manter o calor de seu organismo, por isso não ganham peso. Um bom método de aquecimento é a mãe carregar o RN por dentro da roupa, entre as mamas.

Pese a criança regularmente para ter certeza de que ela está ganhando peso.

 

Como estocar o leite materno

 

Existem algumas recomendações para guardar, congelar e descongelar o leite que devem ser seguidas com todo cuidado.

Recomendações:

Lavar bem as mãos antes de manipular o leite.

Extraia manualmente os primeiros jorros e descarte-os (este leite contém uma maior quantidade de bactérias).

Escolha do recipiente: ordenhe diretamente em um recipiente limpo ou estéril.

 

Bebê a termo - pequenos recipientes de vidro (lavá-lo com uma escova ou à mão com água quente e detergente enxugando-o bem).

Bebê prematuro ou doente - recipiente de vidro, estéril.

Imediatamente depois da ordenha, feche o recipiente e coloque-o sob água com gelo por 1 a 2 minutos. Então está pronto para guardá-lo na zona mais fria do refrigerador ou congelador (Nunca na porta).

Use sempre o leite mais antigo.

 

 

Conservação:

 

Tente guardar mais ou menos as quantidades que o bebê recebe em cada mamada.

Marque cada rótulo com o nome, data, hora e quantidade.

Nos vidros que for congelar, deixe espaço no recipiente para algum aumento de volume.

O leite materno pode ser refrigerado (na geladeira) por 12 horas e congelado (congelador da geladeira ou freezer) por 10 dias.

Nunca estocar o leite na porta da geladeira!

 

Como acrescentar leite fresco ao leite refrigerado?

 

Bebê a termo - esfrie bem o leite antes de juntá-lo ao ordenhado anteriormente. Pode-se misturar com leite extraído durante um período de 24 horas.

 

Bebê prematuro ou doente - não se recomenda misturar leites. Use um recipiente separado para cada ordenha.

 

Como acrescentar leite fresco ao leite congelado?

Bebê a termo - esfrie bem antes de juntá-lo. O leite congelado não deve descongelar-se e tornar a congelar.

Bebê prematuro ou doente - não se recomenda.

 

Para descongelar o leite:

 

Descongele lentamente deixando-o no refrigerador na noite anterior (o calor excessivo destrói enzimas e proteínas).

Agite o recipiente com leite em água quente, não fervendo.

Descongele a quantidade total, já que as gorduras se separam ao congelar.

Nunca use o microondas.

Depois de descongelado use-o dentro de 24 horas.

 

Doenças maternas

 

Como evitar que uma mãe doente transmita esta doença para o seu filho?

TUBERCULOSE

A transmissão se faz usualmente pela inalação de gotículas de vias aéreas superiores de um indivíduo com infecção tuberculosa. As mães bacilíferas (não tratadas ou com tratamento iniciado a menos de três semanas do nascimento da criança não precisam suspender a amamentação, basta diminuir o contato íntimo mãe-filho, amamentar com máscara ou similar, lavar cuidadosamente as mãos.

HANSENÍASE

Não contra- indica a amamentação. Também é recomendado o uso de máscara durante a amamentação e lavar as mãos antes de pegar a criança.

HEPATITE B

Apesar do vírus de hepatite B ser excretado pelo leite materno, com dados disponíveis até o momento, não contra-indica a amamentação.

A transmissão perinatal pode ocorrer quando a mãe é HBsAg Positivo (especialmente as HBeAg Positivo) através do sangue e secreções.

Recomenda-se lavar bem o RN retirando todo o vestígio de sangue e/ou secreção materna logo após o nascimento. Indicar a amamentação mesmo que haja sangramento em fissura mamária.

O médico que está acompanhando o bebê deve solicitar a administração, nas primeiras 12 horas de vida (no máximo até 24 horas), da Imunoglobulina Específica contra Hepatite B e, até o 7º dia de vida, da 1º dose de vacina contra hepatite B.

RNs com peso inferior a 2000 gramas devem ter a sua vacinação adiada até atingirem este peso. Se esse período prolongar-se por mais de três meses, uma segunda dose de imunoglobulina deve ser aplicada nas mesmas dosagens já referidas.

Com um mês de vida, fazer a 2º dose da vacina contra Hepatite B e com seis meses de vida, fazer a 3º dose da vacina contra Hepatite B.

Durante todas estas etapas continuar com a amamentação.

CITOMEGALIA

Manter a amamentação.

A transmissão pós-natal pode ocorrer pelo leite materno mas não costuma ocorrer doença, pois junto com os vírus passam também anticorpos maternos passivos.

MASTITE

Não contra-indica a amamentação.

O uso de antibióticos não contra-indica a amamentação, exceção às tetraciclinas e derivados que não devem ser prescritos.

Os analgésicos e anti-inflamatórios não contra-indicam a amamentação, com exceção da indometacina e da fenilbutazona que não deverão ser prescritos.

 

MALÁRIA

Não contra-indica a amamentação.

O modo de transmissão mais comum é pela picada do mosquito Anopheles. Menos comumente, por transfusão de sangue e agulhas contaminadas.

O uso de drogas antimaláricas pela nutriz, não contra-indica a amamentação.

 

HERPES SIMPLES

Não contra-indica a amamentação, exceto quando as vesículas herpéticas estiverem localizadas na mama. Cuidados adicionais devem ser tomados com vesículas em face, dedos e mamas. As lesões devem ficar cobertas durante a amamentação, lavar rigorosamente as mãos antes de manipular as crianças.

Lesão nos dedos: uso de luvas ou proteção para as mãos.

Evitar contato íntimo mãe-filho (beijos e afagos) até que as lesões estejam secas.

VARICELA

Mães com varicela com início até cinco dias antes do parto formam e passam anticorpos. O RN deverá ter uma forma leve de varicela e a separação mãe-filho está contra-indicada. Você pode amamentar seu filho.

Mães com varicela com cinco dias antes do parto ou até dois dias depois: a criança poderá desenvolver uma forma grave de varicela estando indicado o isolamento do RN e da mãe durante a fase contagiante materna (até a fase de crosta). Durante este período o leite materno deverá ser ordenhado e dado ao RN.

Procure orientação médica para outras informações.

Mães com varicela a partir do 3º dia do pós-parto: o RN poderá desenvolver forma leve de doença, não estando indicado o isolamento. A criança pode amamentar na mãe.

DOENÇA DE CHAGAS

O leite materno, submetido ao processo de pasteurização, previne a transmissão de doença de Chagas durante a amamentação. O procedimento consiste em aquecer o alimento à temperatura de 63º C no forno de microondas e, em seguida, levá-lo ao refrigerador até chegar a 4º C.

"O processo de pasteurização é clássico e pode ser feito em casa. Basta apenas um pequeno treinamento", garante o médico e supervisor da pesquisa, Cláudio Santos Ferreira. Para testar a teoria, os cientistas usaram forno doméstico, com 2.450 megahertz (mHz) e potência entre 100 e 700 watts.

O que a mãe deve comer durante o período de amamentação?

Não coma por dois, assim como na gestacão, você não vai precisar comer por você e pelo bebê. Uma alimentacão equilibrada, balanceada é sempre mais importante.

Existem três grupos de alimentos: construtores, energéticos e reguladores. É fundamental que todos eles estejam presentes em sua alimentacão:

Alimentos construtores: são as proteínas; carnes em geral, ovos, leite e derivados.

Alimentos energéticos: são os carboidratos; pães, massas, inhame, mandioca, cará, batata, mandioquinha, batata-doce, biscoitos, mel, doces em geral, além de cereais (arroz, trigo, aveia) e farinhas.

Alimentos reguladores: são as vitaminas e minerais; frutas e hortaliças são as melhores fontes. Eles estão presentes em pequenas quantidades nos alimentos.

Mastigar bem os alimentos e beber bastante água são dicas importantes.

Existem alguns alimentos cujo sabor e aroma podem ser identificados no leite materno e, eventualmente provocar cólicas no bebê ou ele pode "rejeitar" a refeição por não gostar do aroma, como é o caso do alho.

Não sugerimos que você evite nenhum alimento, mas se o bebê chorar muito, observe o que ingeriu antes da mamada.

Alimentos ricos em enxofre, tais como a couve-flor, couve, rabanete, repolho e espinafre, por causarem gases, podem perturbar o processo de digestão da criança.

A mãe deve sempre dar preferência às frutas, com exceção da manga, fruta-do-conde, goiaba e melancia, que são digeridas mais lentamente.

Os vegetais têm liberdade para o consumo, com destaque para o agrião, aipo, rúcula e alface.

Algumas sugestões do que comer sem medo: frutas (melão, maçã, pêra, laranja, mamão e figo), vegetais (taioba, aipo, gergelim, rúcula, alface, agrião), muita água, água de côco e sucos de frutas.

Cuidado com o exagero no consumo de: leite de vaca, café; chás de hortelã, mate e capim-limão; chocolate e álcool.

Caso você tenha alguma dúvida sobre amamentação, visite o site <http://www.aleitamento.org.br/>

Fonte: http://www.aleitamento.org.br