Lagoa da Prata / MG - quinta-feira, 28 de março de 2024

Alergia Alimentar

  • Sim. O consumo de alimentos pode levar o organismo a reagir de diferentes maneiras. Denomina-se reação adversa a um alimento, qualquer resposta clínica anormal seguida à ingestão de um alimento ou aditivo alimentar. Destaca-se que as reações adversas a alimentos podem se dividir em tóxicas e não tóxicas. As reações não tóxicas podem ser de intolerância ou de alergia. 

  • A alergia alimentar geralmente é uma reação adversa ao componente proteico do alimento e envolve mecanismos imunológicos. A intolerância é uma reação adversa que envolve a digestão ou o metabolismo, mas não o sistema imunológico. Embora, equivocadamente, estes termos sejam usados com frequência como sinônimos, é importante estabelecer a diferença entre a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite de vaca (APLV).

  • A reação adversa a alimentos mais comum na infância é a alergia à proteína do leite de vaca (APLV). No entanto, existem diversos produtos capazes de gerar reações de hipersensibilidade, como amendoim, ovo, soja e peixe. Os sintomas podem ser agudos ou insidiosos, predominando os vômitos, diarreia e má absorção, resultando em retardo do crescimento e/ou sangue nas fezes. Ainda podem ocorrer sintomas súbitos como irritabilidade, cólica, choro intenso e recusa alimentar. Note-se que manifestações dermatológicas e respiratórias também são frequentes, como: broncoespasmo, rinite, urticária, rash cutâneo morbiliforme, dermatite atópica, entre outros. 

  • É especialmente durante o primeiro ano de vida que os sintomas da alergia à proteína do leite de vaca (APLV) se manifestam com mais frequência. O mecanismo da alergia nos primeiros meses de vida é não mediado por IgE, ocorrendo usualmente por imaturidade do sistema imunológico intestinal, o qual reage à proteína da dieta desenvolvendo alergia mediada por células. Os lactentes com esta forma de alergia apresentam muito mais sintomas gastrointestinais e usualmente tem resolução desta situação (mais de 50% dos casos) ainda no primeiro ano de vida.

  • Os pacientes com alergia mediada por IgE apresentam mais sintomas de pele e respiratórios, sendo que podem persistir com o quadro por período mais prolongado. Raramente os lactentes com alergia à proteína do leite de vaca apresentam, concomitantemente, intolerância à lactose. Ressalte-se que deve se fazer exceção àqueles que na fase aguda de importantes sintomas gastrointestinais, como enterocolite alérgica, podem apresentar intolerância nas primeiras semanas, de forma secundária à lesão de mucosa intestinal. Nesses casos, a tolerância á lactose é reconstituída quando ocorre recuperação da mucosa intestinal.

  • O reconhecimento e diagnóstico da APLV são difíceis, uma vez que não há um teste único ou combinação de exames que a definam com exatidão. Assim é importante que o médico programe a realização de teste de desencadeamento para confirmar o diagnóstico, respeitando as especificidades de cada paciente. Até mesmo crianças alimentadas com leite materno podem ser expostas a essas proteínas, pois ocorre passagem pelo leite materno de proteínas íntegras do leite de vaca ingeridas pela mãe.

  • O tratamento deve ser feito com a utilização de fórmulas alimentares com proteína extensamente hidrolisada ou com fórmulas de aminoácido. No caso de APLV na vigência de aleitamento natural exclusivo, a mãe deve deixar de consumir leite de vaca e derivados.

  • Há forma de prevenir o aparecimento da alergia à proteína do leite de vaca?

  • Não há comprovação de que a dieta de restrição alimentar da mãe, durante a gestação e na amamentação, possa prevenir alergias alimentares na criança. A restrição do leite de vaca e derivados para a mãe somente deve ser considerada se houver reações comprovadamente alérgicas no lactente que estiver sendo amamentado. Neste caso a mãe deve receber aconselhamento sobre sua dieta para evitar déficit da ingestão de determinados nutrientes.