Lagoa da Prata / MG - sexta-feira, 19 de abril de 2024

Obesidade infantil

A RELAÇÃO DA PUBLICIDADE INFANTIL COM A OBESIDADE

         

Compreenda sobre o Projeto de Lei que visa a proibição das propagandas voltadas a crianças de até 12 anos

 
Só quem é mãe e pai sabe o quão embaraçoso é quando o filho(a) se depara com aquele chocolate que vem com um brinquedo ou com aquelas balas que vêm com adesivos fluorescentes, entre tantos outros produtos. Ok, muitas pessoas dirão que é de responsabilidade dos pais dizer um sonoro NÃO! Como resistir depois de um dia intenso de trabalho diante da pressão da criança que já foi influenciada muito antes e por muito mais tempo do que se imagina?
 
A influência começa por meio das propagandas e nem os canais fechados estão livres dessa demanda publicitária em apelar ao público infantil. 
 
Segundo estudo realizado pela InterScience (2003), os filhos que acompanham seus pais no momento da compra, apontam os produtos que os pais sempre compram (porque já conhecem as marcas); indicam os produtos com preços mais baixos e pedem aos pais os produtos que querem, isso quando não colocam no carrinho de antemão salgadinhos e brinquedos que já viram em comerciais. Mesmo que as crianças não vão às compras, os pais costumam trazer para os filhos aquilo que de antemão pediram.
 
A questão em torno da publicidade infantil foi discutida em julho de 2015 quando questionava-se o fato de que a CCJC (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) da Câmara dos Deputados Federais colocaria em votação o projeto de lei 5.921/2001, criada pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR). 
 
O projeto tem como objetivo restringir o direcionamento de propagandas publicitárias a crianças com até 12 anos de idade. 
 
No intertítulo Projeto pode proibir comerciais infantis, o deputado expõe o que almeja com o projeto comparando com outros países. Na Suécia, os anúncios dirigidos a menores de 12 anos foram banidos da televisão.  Em Portugal, crianças são proibidas de protagonizarem comerciais de produtos cujo público-alvo é adulto. Já na Bélgica, a publicidade direcionada a crianças é vetada cinco minutos antes da exibição da programação infantil. 
 
 
Em contrapartida à proibição, a ABAP (Associação Brasileira das Agências de Propaganda) se dispôs a tentar impedir na Câmara, em Brasília, o veto à proibição.
 
A página na internet Criança e Consumo denuncia o consumismo infantil e na própria explicação sobre o porquê do site, expõe questões ideológicas e culturais em torno do consumismo na sociedade atual, que não só leva os adultos ao desejo desenfreado de “ter”, mas também as crianças, a um consumo, como o próprio site especifica como “inconsequente”.
 

Problemas de saúde na infância

De acordo com o Diagnóstico da Obesidade Infantil, realizado pela ABESO, houve um aumento no número de crianças acima do peso no país, principalmente na faixa etária de 5 a 9 anos. Entre os anos de 1989 e 2009, o número de meninos acima do pesou dobrou de 15% para 34,8%, entre as meninas a variação foi maior.
 
Talita Borba, 27, é mãe da Grazielly, 5. Em uma consulta de rotina com o pediatra, descobriu que a filha sofria com problemas de saúde: “O médico me pediu alguns exames, quando fui pegar o resultado, uma notícia não muito agradável, ela tem colesterol super alto”.
 
Após o diagnóstico, a orientação foi de que a criança precisava ser acompanhada por um nutricionista, mas o problema era o processo de reeducação alimentar em uma criança de 5 anos de idade.
 
“Introduzir alimentos saudáveis é muito complicado, ela não come, chora até vomitar, falei para a nutricionista que a culpa não era minha, mas ela me disse que eu poderia ter dado a opção, realmente havia a opção de escolher entre o suco ou refrigerante, entre a bolacha recheada e uma fruta”, desabafa a mãe.
 
Para Talita, a televisão influencia muito, pois a filha vê muitos brinquedos e alimentos e deseja ter: “Os produtos sempre têm um preço absurdo e as crianças não podem ver”.
 
Dr. Ricardo de Castro
O consultório do pediatra Ricardo de Castro recebe com frequência pacientes com sobrepeso. O médico acredita que com a geração fast food, crianças têm engordado muito e isso também se deve à vida agitada dos pais que trabalham e nãos costumam ter tempo para preparar refeições mais saudáveis.
 
O pediatra acredita que os pais precisam ser mais alertados para o risco da obesidade infantil.
 
“Atualmente é a maior campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria. Combate à Obesidade Infantil. Em todos os congressos e no site da sociedade somos alertados o tempo todo a corrigir os maus hábitos alimentares e a orientar os pais sobre as consequências como hipercolesterolemia, hipertensão e diabetes”, alerta.
 
Castro é a favor da restrição do direcionamento de propagandas a crianças e acredita que por passarem a maior parte do tempo em casa, as crianças acabam sendo influenciadas constantemente pela mídia e redes sociais: “Quanto mais medidas forem usadas pra diminuir esse excesso, melhor!”.
 
Diante dessas complexidades que envolvem a publicidade voltada às crianças e obesidade... Qual a sua opinião?
 
 
Dr. Ricardo de Castro: drricardodecastro.site.med.br
 
 
Fontes utilizadas
 
Inter Science (Informação e tecnologia aplicada): http://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Doc-09-Interscience.pdf
 
Publicidade Infantil: um projeto polêmico: http://www.hauly.com.br/ps/42.pdf p. 12 e 13
 
Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica): http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/16/552fe98518b8a.pdf
 
Criança e Consumo: http://criancaeconsumo.org.br/



 



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